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terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Incêndio na boate de Santa Maria é destaque em jornais internacionais

O incêndio na boate Kiss foi destaque pelo segundo dia na imprensa internacional. A tristeza e a dor dos brasileiros estão na primeira página dos principais jornais do mundo.
O New York Times retrata o desespero para socorrer as vítimas. O Le Monde, da França, destaca uma foto da presidente Dilma consolando familiares dos mortos. O jornal espanhol El País traz relatos de sobreviventes. O britânico The Independent dedica a capa ao que chamou de "horror no Brasil".
Na Grã-Bretanha, a rede BBC disse que “o Brasil está de luto pelas vítimas de Santa Maria".
A Sky News destacou as prisões dos músicos da banda gaúcha e dos donos da boate.
O apresentador da TV americana ABC falou da busca por respostas para a horrível tragédia.
A NBC, dos Estados Unidos, deu destaque às investigações para se chegar aos responsáveis pelo incêndio.
O secretário-geral da ONU, Ban-ki Moon divulgou nota para lamentar as mortes no incêndio de Santa Maria. Ele disse que a tristeza ainda é maior pela perda de tantos jovens. O Papa Bento XVI enviou um telegrama de pêsames ao arcebispo de Santa Maria, Hélio Adelar Rubert. O Papa disse que compartilha a dor das famílias e reza pela recuperação dos feridos.

Desde domingo (27), a cidade de Santa Maria está cheia de gente de fora. Parentes de vítimas, voluntários, jornalistas brasileiros e estrangeiros. Os moradores acolheram essa multidão. Eles entendem que a dimensão da tragédia justifica essa invasão. William Bonner e a equipe do Jornal Nacional ouviram muitos desses moradores, que agradeceram a solidariedade. Mas também lamentaram que todos tivessem ido conhecer Santa Maria num momento tão triste.

Na manhã de segunda, o Centro Desportivo Municipal ainda era o lugar de velórios coletivos, de gente procurando informação sobre as vítimas e de gente disposta a ajudar.

Quando a equipe do JN chegou, pessoas que tinham algo a dizer começaram a se aproximar.

Uma mulher estava aflita com a situação de uma senhora que perdeu o filho que a sustentava. “Ela está em delírio. Ela quer levar o menino pra casa, pra dar banho. Então, nós estamos tendo um problema de segurar ela”, contou.

Era um problema comum nesta segunda. “Neste momento estamos precisando de psicólogos. Estou com problema de mães com negação, dizendo que não é o filho. Estou com problemas de mães com dois ou três filhos. E a gente não tem psicólogo neste momento. No domingo, a gente tinha muitos. Mas, nesta segunda, estamos precisando. Então, o psicólogo que puder vir, que venha, porque é o que mais estamos precisando aqui”, revelou uma mulher.

Num cenário tão desolador, mesmo quem teve a grandeza de ir para ajudar, pode se sentir pequeno.

“A senhora teria uma palavra, como mãe, que pudesse encontrar para confortar essas pessoas que perderam os filhos aqui?”, perguntou William Bonner.

“Ter força, acreditar em Deus. Eu acho que esse é o conforto que elas precisam. Eu como acredito muito em Deus, ele me conforta muito, espero que conforte elas também”, respondeu uma senhora.

Há quem verbalize inconformismo. “Tem que cumprir a lei. A lei existe e tem que ser cumprida. Tem que haver fiscalização. Ser mais enérgico com a liberação desses alvarás para essas boates, cinemas, shopping. É triste, muito triste”, afirmou um homem.

Foram muitas as declarações desse tipo que a equipe do Jornal Nacional ouviu no ginásio, no centro de Santa Maria, na manhã desta segunda. É uma mistura de tristeza, e em alguns casos, relatos de desespero, de indignação. Tentativas de demonstração de solidariedade. Mas isso, que a equipe do JN viu e ouviu no ginásio é o eco do que se viu em toda a cidade. A comoção tomou Santa Maria.

A tragédia tomou Santa Maria. “Tanta gente morta asfixiada, nunca tinha visto isso. Não sei como explicar. Como é que podem fazer um evento desses, num cubículo que não tinha porta de escape, de emergência. A mesma porta de entrada era para sair?”, disse um senhor.
Há quem invoque o bom senso. “Acho que tem que ter uma conscientização de cada um de mudar isso. Não deixar assim. Uma porta de dois sair dois mil pessoas. Em dois minutos, cinco minutos, que tem que ser”, ressaltou uma mulher.

Uma jovem não consegue reconhecer a cidade em que foi estudar. “A cidade morreu junto. É horrível. Não dá para acreditar. Pessoas que tinham a vida inteira pela frente”, comentou.
Uma fita preta amarrada aos taxis da cidade é o sinal de luto visível nesta segunda nas ruas de Santa Maria. Mas esta não foi a única demonstração de solidariedade dos taxistas com as vítimas e os parentes.

“Durante a madrugada, os colegas através da rádio taxi, após a comunicação de que tinha acontecido um incêndio na boate Kiss, que fica próximo ao nosso ponto. Alguns já estavam lá fazendo socorro, levando para os PAs, para os hospitais. Todo mundo se solidarizou”, contou um taxista.

Um jovem perdeu uma colega do curso de artes cênicas. “Foi bem chocante. Saber por redes sociais, por TV, por ir no ginásio, ver aquela fila de gente. É como se fosse um cenário de guerra, de uma guerra que já começou perdida”.

Um homem tem outra visão. “Isso é pior que uma guerra, porque uma guerra você não prevê. Aqui era previsível”.


Fonte: G1.

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