Reuniões de emergência dos roteiristas, produtores e diretores foram convocadas para a semana que vem
Os primeiros roteiros da nova temporada de Glee foram entregues à Fox há cerca de duas semanas e neles, Cory Monteith fazia um papel essencial: o de assumir a rédea do Glee club (coral onde os adolescentes da série cantam) caso o ator Matthew Morrison (o protagonista adulto) optasse por deixar definitivamente o optasse por deixar definitivamente o programa.
Com a notícia da morte de Cory Monteith no último sábado (13), os produtores agora precisam lidar com um problema muito maior do que simplesmente manter a audiência: o de dar um destino justo ao personagem Finn Hudson, que está no ar desde o piloto e que mantém um romance com a também protagonista Rachel Berry, interpretada por Lea Michele. Ingrediente adicionado a essa sopa devastadora, Lea também é namorada de Cory na vida real. E segundo seus comunicados, o elenco já deu indícios de que não há qualquer clima para voltar ao set de gravações em agosto, quando as férias de todos terminam.
Por enquanto, somente um ensaio de fotos de divulgação da quinta temporada foi feito e nele Cory aparece sorridente junto aos velhos e novos integrantes do programa. Entre os críticos especializados em TV americana, há sempre dois caminhos, ambos turbulentos. Seria inverossímil, por exemplo, que Finn simplesmente sumisse do programa, já que ele desempenha um papel muito importante e tem ligação com quase todos os outros personagens. Uma morte devastadora e repentina parece a melhor solução: seria o espaço perfeito para que o show prestasse uma última homenagem a Monteith, mas massacraria ainda mais o elenco, que passaria por dois funerais e, consequentemente, duas lembranças da tragédia.
No ar desde 2009, Glee é uma série conhecida por seu humor arisco, repleto de sacadas engraçadinhas sobre o cotidiano. Há, claro, espaço para o drama, mas nenhum arco de história conseguiu se mostrar tão profundo quanto a perda de um personagem principal - especialmente porque ela é real fora das telas. Na segunda temporada, o produtor-executivo e criador, Ryan Murphy, cogitou mostrar o suicídio de David Karofsky (Max Adler), um gay enrustido que sofria por não conseguir assumir sua orientação sexual. A trama foi logo descartada pela Fox, por ser muito pesada para o público adolescente. Em outra surpresa do roteiro, a cheerleader Quinn, interpretada por Dianna Aqron, perdeu o movimento das pernas e virou uma cadeirante, mas, mais uma vez, o drama deu espaço para tramas de superação.
Scott Huver, colunista de cultura da Fox 411, escreveu nesta segunda-feira (15), que Monteith deixa "um buraco enorme no coração do show e será desafiador para os roteiristas e produtores superarem essa fase. "O que quer que eles decidam terá que ser mostrado de forma bastante delicada para que o tom amoroso e iluminado de Glee não se perca", citou.
Glenn Selig, especialista em crises de comunicação na televisão e publicidade, observou também que o caminho mais natural seria o cancelamento do programa após alguns episódios irem ao ar. No entanto, o show, que é hit nos Estados Unidos, já foi renovado para durar mais dois anos e com eles, milhões de dólares foram investidos em licenciamentos e renovações. Ele cita também que casos como esses já aconteceram na televisão americana e a tentativa de continuar acabou sempre em falha. O mais notório deles foi na comédia 8 Simple Rules, quando o protagonista John Ritter morreu de um ataque cardíaco no meio da segunda temporada. Na ocasião, eles tentaram dar espaço a personagens secundários, que posteriormente foram contratados como regulares, mas o show só durou mais um ano depois disso.
Por ora, a Fox convocou reuniões de emergência com roteiristas, produtores e diretores da série. Na imprensa, já se fala sobre a possibilidade de adiar o quinto ano, que estrearia no dia 11 de setembro nos Estados Unidos. Outra pergunta que fica é como a Fox fará suas ações de divulgação do programa sem parecer interessada apenas nos lucros que ele gera. E a trágica morte de Monteith ainda deve dar pano pra manga. Se for constatado, por exemplo, que ele realmente morreu de overdose, mais observações devem ser feitas e, a equipe criativa terá ainda mais trabalho para manter o show no ar.
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