terça-feira, 28 de outubro de 2014

Grey's - 9x05 Beautiful Doom


Apenas Meredith e Cristina. Para quê mais?(Review de Camila Barbieri)
Às vezes, as coisas são simplesmente fora de seu controle. Você não pode mudá-las. Você não pode dobrá-los à sua vontade. Não importa se você já está 45 minutos atrasado, seu cabelo não é escovado, você não ter feito o  café da manhã e você está sangrando células cerebrais pelo segundo enquanto esta sentando aqui. Morrer - morrendo por dentro.....
Essa semana é uma daquelas em que a fé abalada em Grey’s Anatomy pode ser restaurada. A série se dedica a apresentar um episódio de estrutura simples, com foco nas duas grandes protagonistas, cada uma em um canto, com seus problemas, rotinas e dramas, mas sem jamais deixarem de estar interligadas. Meredith é a pessoa de Cristina. Cristina é a pessoa de Meredith. E assim, o episódio ganha força dramática absurda e emociona daquele jeitinho tão tradicional de Grey’s Anatomy.
A trama cresce exponencialmente e dá para prever que as histórias vão se cruzar além da linha telefônica. A gente só não faz ideia de que vai chorar (e muito) com um resgate e com uma morte. E antes que alguém diga que tem mortes demais na história recente da série (e eu não discordo dessa afirmação), farei uma defesa da que ocorre nesse episódio. 
Ela é absolutamente pontual e vem para marcar a evolução de um dos personagens. Ela não é feita para chocar nem nada assim e se encaixa perfeitamente nas intenções do roteiro.
É impressionante notar como a relação entre Cristina e Dr. Thomas se desenvolveu profundamente em apenas cinco episódios. É também notável nosso envolvimento com eles e essa é a parte mais importante, provavelmente. Dr.Thomas, que começa irritando Cristina com seus métodos arcaicos, se transforma num mestre. Ele é o primeiro amigo que ela faz depois do acidente, talvez o primeiro amigo verdadeiro desde Meredith. Para ele, essa amizade e o companheirismo profissional têm força imensa e logo já torcemos para que Dr. Park se exploda. Cheguei a cogitar que Cristina voltasse para Seattle e levasse Thomas como uma espécie de sidekick.
Cada diálogo dessa dupla ia dando mais e mais força para a situação. Não era só a luta por princípios e por dignidade, era uma questão de salvar vidas e praticar a medicina sem que egos costurassem o caminho. Thomas ensina para Cristina que o que importa é o paciente. O que importa não é apenas ser o melhor e ser bajulado. 
É saber manter a cabeça no lugar e ter a grandeza de passar para frente seus conhecimentos. Tudo o que está contido nas conversas deles é lindamente construído. As piadas internas, a imposição natural de respeito, o aprendizado. 
Quando Dr.Thomas literalmente “cai durinho no chão”, as lágrimas são inevitáveis. Cristina está perdendo mais alguém e  é isso que a conduz de volta para casa e para sua melhor amiga. Não poderia ser mais perfeito.
Em Seattle, cada atitude da nova Meredith chega a dar orgulho. Creio que nunca gostei tanto da personagem como agora. Uma mulher independente, decidida e que se equilibra entre trabalho e família. Mesmo com tudo por que passou, Meredith não endureceu. Não perdeu a alma e a candura. É por isso que torcemos para que ela salve a paciente acidentada.  Não é só ela quem precisa disso, mas nós também. Num mundo cheio de desgraças, alguém precisa ser salvo. 
É preciso acreditar que na pior situação o importante é não desistir antes da hora. Meredith usa seus talentos e conhecimentos para provar isso a si mesma e aos colegas.
Ganha respeito do Chief, dos internos e até de Bailey. A cena entre as duas, com os telefones das babás, pode parecer boba, mas não é. Bailey é uma pessoa difícil de agradar e ali, Meredith provou seu valor, como profissional e como mãe. 
Não dá para negar que todo o imbróglio com Zola, passando de mão em mão é engraçado (e mais engraçado é mandar nuggets de peixe pra o Brasil Day na creche) e essa dose de leveza cai como uma luva. Dancinha de 30 segundos, super merecida.
Foi muito bom ver esse episódio mais “limpo” e sem tantos focos variados. As aparições de personagens foram pequenas e uteis, mas não roubam a cena das atrizes principais. A folga de certos dramalhões também foi excelente para nos deixar respirar. 
Esse era o momento de reunir Meredith e Cristina e elas mereciam destaque. Ninguém (talvez só o público) sofreu mais do que elas com o acidente de avião e aí, quando ouvimos aquele desabafo - “Lexie morreu.” – durante o abraço de reencontro é impossível não se entregar novamente, diante da certeza de que Grey’s Anatomy, mesmo com tantos erros e tropeços, é grandiosa quando acerta no alvo.
Dr. Thomas:
Cirurgiões Medianos irão ver você em sua sombra. Não encolha para consolá-los. Não olhe para os amigos aqui - você não vai encontrá-los. Nenhuma dessas pessoas tem a capacidade de entender você - nunca o fará. Se você tiver sorte, um dia, quando estiver velha e enrugada como eu, você vai encontrar um médico com pouca consideração para qualquer coisa, e seu ofício e você vai treiná-los como eu a treinei. Até então, ler um bom livro. Você tem grandeza em você, Yang. Não decepcione.

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