terça-feira, 13 de agosto de 2013

Pastor Márcio Valadão: Um homem que faz história

Extraído da Atos Hoje/Foto:Reprodução
No ano passado, realizamos uma programação especial por ocasião dos 40 anos de ministério do pastor Márcio à frente da nossa igreja, inclusive, lançando uma revista especial. Neste ano, nosso jornal (ATOS HOJE) prestará sua homenagem publicando um sermão proferido pelo pastor Achilles Barbosa Júnior no dia 31 de julho de 1973, por ocasião do primeiro ano de ministério do pastor Márcio, baseado em Tito 1.1-4.
O pastor Achilles foi quem fez a oração de posse do pastor Márcio. Este mês, esta mensagem completa 40 anos. O texto dela – originalmente manuscrito – chegou à redação por meio do pastor Gustavo Bessa. Ao ler esse sermão, você constatará como o pastor Márcio ouviu e praticou com atenção cada um dos conselhos recebidos.
“Márcio, meu filho
Algum tempo atrás, em uma reunião da diretoria da igreja que sou pastor, um irmão levantou-se para dizer que deveriam orar para que o pastor tivesse filhos. Na ocasião fui pego de surpresa e afirmei que meus filhos eram aqueles que faziam parte da igreja que eu havia organizado e os que ainda viriam com o tempo de pastorado.
Mas, depois disso, disse que os meus filhos eram os seminaristas que trabalhavam comigo. Recebi cartas dos mesmos, quase que semanalmente, e 
sempre somos tratados como pais. Recentemente recebi uma carta do pastor Simões e na mesma enviava lembranças para os nossos filhos, especialmente o pastor Aluizio. Percebi tratar-se de um reconhecimento tácito de que, de fato, tenho filhos.
Paulo tinha discípulos, mas alguns ele costumava chamar de filhos. Estou em uma situação mais cômoda do que Paulo e assim posso chamar alguns seminaristas de filhos. O pastor Márcio é um filho que possuo, que foi adquirido no trabalho comum. Assim sendo, desejo para o pastor Márcio tudo 
aquilo que Paulo desejou para Tito.
Geralmente, Paulo iniciava suas cartas com uma ação de graça pelos seus leitores. Inexplicavelmente, ele não adotava na carta a Tito o mesmo.
Gostaria de endereçar ao pastor Márcio a mesma prática de Paulo. Sempre que lembro do pastor Márcio lembro-me da fé que habita na irmã Arminda, sua mãe. Na fé e na operosidade que habitava em seu pai, que não cheguei a conhecer, mas que admiro pelas referências que dele tenho ouvido, 
não somente de crentes, mas de descrentes. Lembro-me da fé atuante das suas irmãs e da fé que também existe nos seus irmãos.
Lembro-me do zelo evangelístico do irmão e do seu interesse por pessoas, agradecendo ao meu Deus e Pai de Jesus Cristo por esta vida. Lembro-me da sua mocidade e das grandes responsabilidades que tem aceito e desempenhado tão bem e agradeço ao meu Deus. Louvo ao Deus que no passado chamou a Tito e Timóteo e que no nosso século continua chamando os moços para o seu serviço.
Como Paulo desejo ao pastor Márcio, no dia que completa um ano de pastorado, a graça, a misericórdia e a paz de Deus Pai, e do Senhor Jesus 
Cristo, nosso Salvador.
Como Paulo lembra a Tito, também lembro ao pastor Márcio quais são as qualidades de um pastor: hospitalidade, verdadeira amizade pelo bem, 
discrição, justiça, santidade, domínio próprio e firmeza na fé ortodoxa.
Com respeito a ortodoxia lembro que a verdadeira ortodoxia é aquela que é acompanhada de uma ortopraxia. A verdadeira doutrina somente existe 
quando é parte integrante da vida.
Tenho conhecimento do trabalho que o irmão tem feito neste sentido, doutrinando a igreja e mostrando, principalmente a importância do lar no 
contexto da vida cristã.
Também tenho conhecimento do irmão ter focalizado o assunto autoridade. Estamos num século que as forças do mal procuram destruir todo princípio de autoridade, quer seja na igreja, no lar e na sociedade. No tempo de Paulo esta luta já existia e Paulo recomendou a Tito que usasse a autoridade porque ‘há muitos que não reconhecem a autoridade e é necessário, as vezes, fazer os crentes agirem, mas sempre com a autoridade própria de um ministro de Deus’. Bem como Paulo lembrou ‘que os fiéis devem reconhecer o poder de todos que são dotados de autoridade, obedecendo as leis do Estado e sempre pronto a prestar os serviços que forem necessários’.
Dois grandes assuntos centrais devem ocupar a mente do pastor e devem ser demonstradas nas suas pregações. A salvação que foi dada pelo poder purificador de um novo nascimento e a renovação moral do Espírito Santo.
O novo nascimento é o começo, mas a renovação moral tem que ser diária. Paulo diz que não podemos nos conformar com este século, mas devemos nos renovar pela mudança da mente. Nossa mente precisa ser renovada dia a dia e essa renovação é obra do Espírito Santo. A lavagem da mente é feita por meio da Palavra de Deus, que nos é aplicada pelo Espírito Santo.
Sei que no momento, no mundo inteiro um outro assunto cativa as mentes e os corações: a unidade da Igreja. Muitos, entretanto, têm chegado a conclusão que esta obra não é do homem somente. Nos Estados Unidos a denominação presbiteriana que lançou a ideia de uma super igreja recentemente retirou-se, inexplicavelmente, das reuniões de consulta que tinham por meta a super igreja, com dez denominações representadas. Não há razão para sermos separados, mas a obra da união tem que ser de Deus. Não pode haver precipitação, nem atitudes impensadas. Temos que viver unidos, mas nossas atitudes neste campo têm que ser tomadas com muita oração e bom senso, para evitar os desajustes que outros já experimentaram nesta obra.
Quando recebi o chamado de Deus para servir à igreja que estava, a voz de Deus se fez clara. Não tive dúvidas da orientação divina. Se Deus nos orienta nas decisões que precisamos tomar, que são numa esfera menor, como da igreja local, quanto mais numa esfera maior, na qual muito mais vidas estão em jogo. Há necessidade, pois, de prudência, muita oração e uma busca constante da vontade de Deus.
A respeito da comunhão com outros obreiros, as barreiras não devem existir. Muito tenho aprendido nos contatos com outros obreiros e espero que muito irei aprender. Quanto mais me aproximo deles mais os conheço e mais os amo.
Acredito em ministérios longos. Meu pai também acreditava desta maneira. Permaneceu por trinta anos e meio na igreja que já sirvo há cerca de sete anos. As mudanças constantes de pastorado não dão ao obreiro oportunidade de realizar uma obra. Muito o irmão já fez em um ano, mas somente depois dos cinco anos poderá ver, de fato, o fruto do seu labor. A obra missionária e evangelística depende de tempo. Para isso, é necessário que o obreiro permaneça no mesmo local. As lutas fazem parte do ministério e quem delas fugir em um lugar irá encontrá-las em outro. Com paciência e amor, muitos problemas poderão ser resolvidos. Aqueles problemas, que não puderam ser resolvidos, o Senhor se encarregará deles e o irmão Nele deve confiar.
Em suma, um bom começo muito pode ajudar, é a base. Agora é necessário progredir. Prossiga para o alvo tendo em mente estas coisas que a Palavra de Deus nos revela, que foram confiadas por Paulo a Tito, bem como aquelas que seu Pai, na obra comum tem observado e praticado e até aqui o Senhor tem demonstrado ser a vontade de Deus. Deus tenha uma bênção para o irmão, meu filho. Amém!”
Achilles Barbosa Júnior
Julho de 1973
PERFIL
Nome: Márcio Roberto Vieira Valadão
Tempo de ministério: 46 anos
Tempo à frente da Igreja Batista da Lagoinha: 41 anos
Nascimento: 24 de novembro de 1948
Natural de: Belo Horizonte
Pais: Héle Amaral Valadão e Arminda Vieira Valadão
Irmãos: Hélio, Vera, Ângela, Dayse, Carlos Eduardo e Héle Simonton
Conversão: 19 de maio de 1966
Ordenação: novembro de 1970
Dia da posse como pastor da Lagoinha: 31 de julho de 1972 (segunda-feira), aos 23 anos
Casamento: 1 de março de 1975
Esposa: Renata de Souza Machado
Filhos: Ana Paula, André e Mariana
Netos: Isaque, Benjamim, Lorenzo e Tito
Homenagem publicada originalmente no Jornal Atos Hoje (Igreja Batista da Lagoinha), em 28 de julho de 2013, adaptação: Comunicação DT.

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