A sociedade contemporânea está presa a um ciclo hedonista de prazer: o ganhar, investir e gastar! E o problema não acaba ai. O mundo hedonista que vivemos não corre por vidas, pelo evangelho, por uma causa nobre, por uma missão ou pela salvação. Os homens correm desesperadamente por si mesmo, mais do que nunca percebemos que estamos em uma frenética corrida para ser e ter e que, em diversos casos, os meios justificam os fins, e muitos pensam que serão mais felizes se conseguirem ter mais. Entenda algo definitivamente: patrimônio e satisfação não são sinônimos. Pesquisas já provaram que o índice de depressão, suicídio e desestruturação familiar é muito mais alto nos países ricos do que nos países pobres, e o mesmo se aplica aos bairros mais ricos e mais pobres das cidades e regiões brasileiras.
Temos outro agravamento, nesta constante necessidade de transformação tecnológica, econômica e social que vive o homem pós-moderno, exige uma resposta rápida e muitas vezes vamos nos afastando de Deus gradativamente, rejeitando o sagrado e exaltando o profano, mudando as leis naturais da vida. Alguns hedonistas e pseudos ateus de plantão chamam isso de evolução da humanidade, eu prefiro ficar com a sentença de Pitágoras: “A melhor maneira que o homem dispõe para se aperfeiçoar é, aproximar de Deus”.
Progresso e desenvolvimento científico, humano ou social que deixa Deus de fora eu prefiro chamar de regressão humana, vamos ficando literalmente cada vez mais desfigurados da imagem e semelhança do Criador, o qual nos criou. Diante dessa dupla realidade da nossa estressante e alucinada corrida por nós mesmos e o gradativo distanciamento de Deus, nos tornamos cada vez mais individualistas e centrados em nós mesmos.
Conseguimos investir uma verdadeira fortuna para tentar retardar os efeitos do envelhecimento em nossos corpos, gastar muito dinheiro nos pets e automóveis, mas não conseguimos matar a fome dos que precisam comer e sobreviver. Tornou-se comum caminharmos pelos grandes centros urbanos e nos acostumarmos com as paisagens, com a corrida diária já não notamos mais o belo e o feio, e isso diz respeito até mesmo aos que sofrem às margens da nossa linha de corrida. Jesus falou e viveu para todos, em especial para o próximo.
O amor e a fraternidade é resposta de Deus para este mundo individualista. A vida cristã é pura doação! A igreja cristã nasceu sobre esta base; por isso, Paulo escreveu reafirmando as Palavras de Cristo: “Lembrando as palavras do próprio Senhor Jesus, que disse: ‘Há maior felicidade em dar do que em receber’” (Atos 20.35). Quando Paulo também escreveu: “Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos, renovando vossa maneira de pensar e julgar, para que possais distinguir o que é da vontade de Deus, a saber, o que é bom, o que lhe agrada, o que é perfeito” (Romanos 12.2), há um grande clamor para que nos comportemos de maneira diferente da mentalidade do mundo.
É por meio da Palavra que somos constantemente convidados a uma radical transformação. A deixarmos nossos corpos transparecerem a presença do Espírito Santo que nele reside (1 Co 6.19). Ao aprendermos a grande dinâmica do Evangelho de que quem perde ganha (Mt 16.25), estando sempre disponível a ceder o primeiro lugar aos outros (Lc 14.10) a melhor cama, a melhor roupa, o melhor livro. Principalmente, estejamos sempre prontos a perder a ideia para os outros, porque todos são mais dignos de estima do que nós (Rm 12.10); a buscar sempre o mais difícil, abençoando a quem nos persegue (Rm 12.14) e estando próximo daqueles que mais nos são pesados. Só conseguiremos viver estes valores se vivermos para doação e para a solidariedade, sem interesses religiosos ou espiritualistas, mas sim por pura gratidão, porque Cristo já fez tudo por nós! Somos apenas servos devedores.
Procuremos de todas as formas amar, porque fomos amados primeiro, quando ainda éramos pecadores (1Jo 4.19). Por isso, convido todos a abraçarem a ação em prol do GACC, um exemplo de puro amor e doação para com as crianças que sofrem a dura realidade do câncer e seu tratamento tão difícil rumo à fé e a esperança da cura completa.
Que os corações sejam renovados pela boa nova do Senhor, como premissa de um novo Céu e de uma nova Terra. Enfim, não nos cansemos de ficar pobres para enriquecer os outros; de nos fatigarmos para descansar os irmãos; de amarmos para suprir a carência de amor do ser humano e de evangelizarmos para transformar o mundo, pois reconhecemos na Palavra a verdadeira força do amor misericordioso do Pai, que nos chama à conversão e transforma o mundo. Corramos, não por nós mesmos. Mais do que nunca é necessário evangelizar para transformar. Sejamos evangelizadores apaixonados por Deus, afinal, de graça recebemos sua misericórdia e de graça queremos dar (Mt 10. 8).
Como disse o nosso Salvador e Mestre Jesus: “Não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mateus 20.28). E não se esqueça: “Uma pessoa só pode receber o que lhe é dado dos céus” (João 3. 27). Receba o amor de Deus e doe o amor Dele sem parar, através de puros atos de doação!
:: Pr. Carlito Paes
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